quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mandylord of the Movies - Para rever: Heat (1995)

No Natal recebi uma edição especial de dois DVD’s do Heat, o mítico drama criminal que pôs frente-a-frente Al Pacino e Robert De Niro. Cá para mim, foi a prenda perfeita para juntar à minha edição especial de dois DVD’s do Colateral, outra obra-prima de Michael Mann (se bem que emprestei os danados à minha prima e nunca mais soube deles).

Tive a oportunidade de o ver recentemente e, estreando a minha nova cadeira reclinável, despachei o filme e respectivos extras em dois dias.

Ponto de situação, Michael Mann é o meu realizador de filmes de acção preferido. Ele já se expandiu para outros géneros, mas é na acção que é rei. Eu, ao contrário de muitos, até gostei da sua adaptação ao cinema de Miami Vice (mesmo com o cabelo do Colin Farrell e aquela cambalhota do Jamie Foxx no chão antes de disparar a sua arma contra um traficante de droga). Aliás, eu considero que, se os produtores de 24 forem avante com uma aventura de Jack Bauer no cinema, Mann é o homem certo para realizar o filme (rezem comigo!).
Passando a Heat, ainda é melhor do que me lembrava, e a minha memória do filme era excelente. Ainda é bastante actual, excepto o cabelo de Val Kilmer (sim, eu sei, tenho uma tara por cabelos. Por acaso, ainda há pouco tempo falei do Van Damme. O cabelo dele em Hard Target é qualquer coisa!), o que torna o filme, vindo da desilusão que foi Righteous Kill, merecedor de uma revisão obrigatória.

Como evento cinematográfico, o primeiro encontro entre Pacino e De Niro fica para a história. Os dois estão no seu melhor mas o filme resulta independentemente deles. O que torna Heat num grande filme é a sua ambição épica e o que resulta da mesma. É ao mesmo tempo um retrato de uma Los Angeles obscura e desconhecida, fora dos locais turísticos, e a uma complexa epopeia sobre o crime.

A história centra-se numa equipa de assaltantes, liderada por De Niro e a sua perseguição pelas forças da lei, lideradas por Pacino. Todas as personagens são importantes e desenvolvidas ao pormenor. Dennis Haysbert, por exemplo, condutor no assalto final, passa o filme inteiro envolvido na sua história particular como um ex-presidiário em busca de redenção para a sua contribuição para a história principal ser mínima. Não se trata de desperdício de celulóide. Mann pretende que o espectador conheça a fundo todos os intervenientes do filme para que, deste modo, sinta simpatia pelos mesmos, sejam eles ladrões ou policias.

A verdade é que, em Heat, os agentes da lei não estão desprovidos de inocência. Obcecados por encontrar os criminosos, obtêm informação através de favores ilegais a outros criminosos. Por outro lado, o grupo de De Niro é constituído por homens com códigos de honra, que só roubam ao Estado, se apaixonam ou são chefes de família com filhos.O que mais impressiona é que, confrontados com as forças da lei, os assaltantes não hesitarão em disparar à força e matar quem puderem para escapar e voltar para as suas famílias. Eles sabem os riscos, mas também sabem que o que fazem é a única coisa em que são bons. A equipa de Pacino, respeitando a perícia dos assaltantes, também tem a consciência de que provavelmente terão de sujar as mãos para parar os criminosos. Disto resulta um confronto explosivo entre os dois lados com consequências letais. À parte deste confronto, cada grupo têm os seus problemas particulares que influenciam a conclusão do mesmo.

Com tão ambicioso projecto, só mesmo um elenco de luxo (Val Kilmer, Jon Voight, Tom Sizemore, Diane Venora, Ashley Judd, Wes Studi, Ted Levine, Dennis Haysbert, William Fichtner e uma jovem Natalie Portman) podia suportar o filme e, tendo os dois protagonistas poucas cenas em conjunto, parece que vemos dois filmes em um que se juntam numa espectacular cena final no aeroporto, pontuada por uma grande música de Moby (que poderão ouvir no trailer).

Já agora, se ainda não ficarem convencidos, devo lembrar que o grande Jeremy Piven aparece no filme. De bigode. A não perder.

Nota Mandylor:
10/10

O Melhor: O primeiro encontro entre Pacino e De Niro a meio do filme.

O Pior: Os dois só se reencontrarem na sequência final (não que isso limite a qualidade do filme).


TRAILER:


O "MOMENTO":


Costas Mandylor
Ante-Cinema#

5 comentários:

The movie_man disse...

Grandioso, grandioso Heat.

Um dos filmes predilectos.

Abraços.

Red Dust disse...

Um belo filme de acção e movimentações constantes. Mann já mostrava aqui a sua peculiar forma de filmar. Como é que se pode reunir, de novo, um elenco daqueles? :)

9/10.

Abraço.

Luís A. disse...

Mann é muito , mas muito mais que um realizador de acção. Prova disso é Mannhunter the Insider. A forma surpreendente como ele encena o conflito entre os dois lados da mesma moeda que são Hanna e Mcaulley é supreendente e original. E depois temos aquela camara com composições ora abstractas, ora arrojadas ora simplesmente deslumbrantes. O que tambem me impressiona é a humanidade que Mann imprimiu a todos os personagens, sem sacrificar as "obrigações" de um filme de género. Um filme essencial dos anos 90 e na minha vida.

Ah e De Niro (mais que Pacino) tem um dos seus ultimos grandes papeis, numa interpretação desarmante e comovente (sem ser piegas)

Abraço cinéfilo

tickets4three disse...

Mas que grave, ainda não vimos este filme... e ainda por cima com um elenco assim, bigode etc... eheheh

Vamos tentar corrigir isso brevemente.

com que então ele é dvds, cadeirões recostáveis etc e tais no Natal? Sortudo ^-^

JB disse...

Não tenho medo de dizer que este é um dos melhores filmes de toda a história do cinema! Grandiosas interpretaçoes, maravilhosa cena a do café, fotografia magnífica, etc etc... Tudo perfeito. Desafio ás pessoas a darem-me algum defeito marcante no filme..