Lembram-se da Catarina Oliveira (Close-Up)? A grande vencedora da última edição das Críticas do Leitor voltou a responder ao desafio, apresentando uma crítica bastante positiva ao filme de Baz Luhrmann.
O prazo de recepção de críticas está mesmo quase a terminar, sendo brevemente apresentados todos os participantes para se apurar o grande vencedor desta segunda edição.
O prazo de recepção de críticas está mesmo quase a terminar, sendo brevemente apresentados todos os participantes para se apurar o grande vencedor desta segunda edição.
CRÍTICA:
Histórias de Amor. Existem por aí aos molhos; provavelmente, mais do que qualquer outra coisa, são temática muito presente no cinema. Muitas delas são felizes, outras lamentáveis; umas são horrendas, outras são arrebatadoramente belas.
O que se adivinha sempre excepcionalmente difícil num “conto de amor cinematográfico” é encontrar a mão certa para o guiar e dirigir. Poucos realizadores têm a sensibilidade para compreender a profundidade dramática e mesmo histórica de uma paixão; saber o que toca o coração do telespectador é uma qualidade imprescindível, mas raríssima.
Apesar da curta carreira (apenas quatro filmes realizados), Baz Luhrmann já demonstrou ter o verdadeiro dom para filmar o Amor. Provas vivas são os apaixonantes Romeo + Juliet e Moulin Rouge!. Como Luhrmann poucos o fazem, e Australia é mais uma veemente confirmação.
Australia, período “pré-Guerra”, 1º acto: Lady Sarah Ashley, uma aristocrata inglesa, vê-se inesperadamente viúva e herda uma quinta, aproximadamente do tamanho do estado de Maryland. Fazendo frente a barões do gado com desejo de hegemonia e sem escrúpulos, Sarah passa por cima do orgulho e une-se a um áspero “cowboy” conhecido e admirado por muitos, Drover, para conseguir salvar as suas terras. Juntos embarcam numa atribulada e longa viagem pelas possantes paisagens australianas.
Australia, início da Segunda Guerra Mundial, 2º acto: À chegada Sarah e Drover deparam-se com outras desagradáveis surpresas: a Guerra já começou, e os japoneses que atacaram Pearl Harbor começam a bombardear a Australia.
Drama, aventura e espectáculo são os três grandes ingredientes neste visualmente deslumbrante épico ao estilo de Western. A recepção tem sido, no mínimo, variada. Há quem adore, há que fique um pouco desapontado, há quem não aprecie… eu cá gostei.
É verdade que assistir a Australia nos faz revisitar lugares antigos e já muito conhecidos: o amor entre classes diferentes, o cenário de guerra, a corrupção dos poderosos. É também verdade que, consequentemente, possamos muitas vezes prever o que acontecerá nas cenas seguintes. No entanto, não podemos negar que Luhrmann é capaz de metamorfizar estes velhotes clichés em algo singularmente belo e, em certas medidas, original, o que é justificado, em grande parte ,pela grande exuberância irresistível.
Uma coisa parece-me ser unânime: Australia é um dos filmes com melhor aspecto do ano, e sem grandes reservas, atrevo-me a dizer que pelo menos as categorias de Melhor Fotografia e Melhor Direcção Artística nos Óscares só terão 4 vagas em aberto nas nomeações. Não me quero alongar num tema tão mastigado quando se fala de Australia, mas é realmente impossível ignorar a beleza e estética das virgens paisagens e cenários Australianos, com sabiamente administrados efeitos visuais (outro dos grandes pontos fortes). Que deleite para os olhos e para a alma!
Não pude deixar de achar graça quando, ainda o filme não ia longo, a minha irmã me perguntou ao ouvido se este filme era uma comédia. Em resposta à minha irmã, não; não é uma comédia romântica. É uma história de amor com inúmeros elementos dramáticos e épicos, por vezes polvilhada com momentos mais leves e de tom cómico, para aliviar um bocadinho. E o timing é muito bom! E a protagonista da maior parte deles, Nicole Kidman, também, com cenas perfeitamente deliciosas demonstrando a verdadeira natureza de Sarah: uma boa pessoa muito sofisticada, mas desajeitada em várias das suas “tarefas” ao longo da fita.
Talvez este não seja “o grande regresso” por que muitos esperam de Nicole Kidman, até porque Sarah Ashley, apesar de francamente boa, não é uma GRANDE personagem; no entanto, Kidman fez tudo o que podia e fê-lo com classe e grande talento. Gostei sinceramente do que vi e não acredito por um segundo que esta grande actriz, uma das melhores da sua geração, tenha perdido a chama. Uma vénia à interpretação versátil e de qualidade!
O seu par, Jackman, é um homem de carisma, e uma vez mais demonstra-o num papel ensopado de masculinidade. A química entre os dois é visível, e acredito que a sua história de amor, simples mas poderosa, se aguentava nas próprias pernas se fosse necessário.
Os restantes secundários têm tudo no sítio, tanto os “Maus” como os “Bons” ficando aqui a nota muito positiva para o jovem Brandon Walters, o “mestiço” Nullah que acaba por pisar o mesmo patamar que os dois protagonistas. Atenção a esta estrelinha em ascensão!
Com praticamente duas horas e meia, Australia acaba por ser um pouco longo demais, talvez por ter tantas coisas a acontecer ao mesmo tempo. Por vezes, deixa-se engolir pela sua própria grandeza tendo momentos dispersos ou até um pouco desconexos. Nunca chega a ser tão absorvente como outros romances em cenários de Guerra, como por exemplo o recente Atonement.
Todavia, Australia é uma autêntica elevação do belo, à qual se juntam elementos técnicos irrepreensíveis e uma simples mas intensa e verdadeira história de amor. Épicos como estes já não se fazem muito, e como representante do género, Australia não envergonha ninguém, antes pelo contrário.
O que se adivinha sempre excepcionalmente difícil num “conto de amor cinematográfico” é encontrar a mão certa para o guiar e dirigir. Poucos realizadores têm a sensibilidade para compreender a profundidade dramática e mesmo histórica de uma paixão; saber o que toca o coração do telespectador é uma qualidade imprescindível, mas raríssima.
Apesar da curta carreira (apenas quatro filmes realizados), Baz Luhrmann já demonstrou ter o verdadeiro dom para filmar o Amor. Provas vivas são os apaixonantes Romeo + Juliet e Moulin Rouge!. Como Luhrmann poucos o fazem, e Australia é mais uma veemente confirmação.
Australia, período “pré-Guerra”, 1º acto: Lady Sarah Ashley, uma aristocrata inglesa, vê-se inesperadamente viúva e herda uma quinta, aproximadamente do tamanho do estado de Maryland. Fazendo frente a barões do gado com desejo de hegemonia e sem escrúpulos, Sarah passa por cima do orgulho e une-se a um áspero “cowboy” conhecido e admirado por muitos, Drover, para conseguir salvar as suas terras. Juntos embarcam numa atribulada e longa viagem pelas possantes paisagens australianas.
Australia, início da Segunda Guerra Mundial, 2º acto: À chegada Sarah e Drover deparam-se com outras desagradáveis surpresas: a Guerra já começou, e os japoneses que atacaram Pearl Harbor começam a bombardear a Australia.
Drama, aventura e espectáculo são os três grandes ingredientes neste visualmente deslumbrante épico ao estilo de Western. A recepção tem sido, no mínimo, variada. Há quem adore, há que fique um pouco desapontado, há quem não aprecie… eu cá gostei.
É verdade que assistir a Australia nos faz revisitar lugares antigos e já muito conhecidos: o amor entre classes diferentes, o cenário de guerra, a corrupção dos poderosos. É também verdade que, consequentemente, possamos muitas vezes prever o que acontecerá nas cenas seguintes. No entanto, não podemos negar que Luhrmann é capaz de metamorfizar estes velhotes clichés em algo singularmente belo e, em certas medidas, original, o que é justificado, em grande parte ,pela grande exuberância irresistível.
Uma coisa parece-me ser unânime: Australia é um dos filmes com melhor aspecto do ano, e sem grandes reservas, atrevo-me a dizer que pelo menos as categorias de Melhor Fotografia e Melhor Direcção Artística nos Óscares só terão 4 vagas em aberto nas nomeações. Não me quero alongar num tema tão mastigado quando se fala de Australia, mas é realmente impossível ignorar a beleza e estética das virgens paisagens e cenários Australianos, com sabiamente administrados efeitos visuais (outro dos grandes pontos fortes). Que deleite para os olhos e para a alma!
Não pude deixar de achar graça quando, ainda o filme não ia longo, a minha irmã me perguntou ao ouvido se este filme era uma comédia. Em resposta à minha irmã, não; não é uma comédia romântica. É uma história de amor com inúmeros elementos dramáticos e épicos, por vezes polvilhada com momentos mais leves e de tom cómico, para aliviar um bocadinho. E o timing é muito bom! E a protagonista da maior parte deles, Nicole Kidman, também, com cenas perfeitamente deliciosas demonstrando a verdadeira natureza de Sarah: uma boa pessoa muito sofisticada, mas desajeitada em várias das suas “tarefas” ao longo da fita.
Talvez este não seja “o grande regresso” por que muitos esperam de Nicole Kidman, até porque Sarah Ashley, apesar de francamente boa, não é uma GRANDE personagem; no entanto, Kidman fez tudo o que podia e fê-lo com classe e grande talento. Gostei sinceramente do que vi e não acredito por um segundo que esta grande actriz, uma das melhores da sua geração, tenha perdido a chama. Uma vénia à interpretação versátil e de qualidade!
O seu par, Jackman, é um homem de carisma, e uma vez mais demonstra-o num papel ensopado de masculinidade. A química entre os dois é visível, e acredito que a sua história de amor, simples mas poderosa, se aguentava nas próprias pernas se fosse necessário.
Os restantes secundários têm tudo no sítio, tanto os “Maus” como os “Bons” ficando aqui a nota muito positiva para o jovem Brandon Walters, o “mestiço” Nullah que acaba por pisar o mesmo patamar que os dois protagonistas. Atenção a esta estrelinha em ascensão!
Com praticamente duas horas e meia, Australia acaba por ser um pouco longo demais, talvez por ter tantas coisas a acontecer ao mesmo tempo. Por vezes, deixa-se engolir pela sua própria grandeza tendo momentos dispersos ou até um pouco desconexos. Nunca chega a ser tão absorvente como outros romances em cenários de Guerra, como por exemplo o recente Atonement.
Todavia, Australia é uma autêntica elevação do belo, à qual se juntam elementos técnicos irrepreensíveis e uma simples mas intensa e verdadeira história de amor. Épicos como estes já não se fazem muito, e como representante do género, Australia não envergonha ninguém, antes pelo contrário.
NOTA: 8/10
Ante-Cinema#
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