Nota: Desta feita irei começar pelo fim da crítica, ou seja, pela nota e as apreciações finais. E poderão-se interrogar acerca do porquê da minha decisão. Simplesmente porque este "The Dark Knight" merece, por tudo o que representa no mundo cinematográfico e pela sua genialidade desde o primeiro momento em que a fita começou a rolar. Atribuo a perfeição a este magnífico exemplar da sétima arte, precisamente porque esta não existe, e tal como os seus representantes são imperfeitamente perfeitos. Assim sendo, o 10 em 10 ou cinco estrelas em tantas possíveis parecem-me não só justas, mas também obrigatórias. O argumento é um dos melhores que já visualizamos em filme, as interpretações são todas elas soberbas e a realização é magistral, consagrando, definitivamente, Christopher Nolan como uma das mais altas esfinges a habitar o mundo Hollywoodesco nos dias que corre, assim como reforçou a sua posição na minha estrita lista de realizadores preferidos. Ladys and Gentlemen, behold one of the greastest action movies ever made and the best blockbuster that ever appeared on a screening room (é verdade, a saudação inglesa é merecida).
É assaz complicado decidir por onde começar a destacar as minhas impressões sobre esta longa-metragem. Como tal talvez seja melhor salientar o único aspecto que eu considero negativo em todos os 152 minutos de duração, isto é, a ausência de algum realismo no que toca alguns ferimentos por parte dos intervenientes. Não me refiro à forma como elas se sucederam mas, precisamente, o momento em que elas se deram, já que o sangue seria inevitável e ele, de facto, não está lá. Com isto não pretendo proferir que desejaria vê-lo, bem pelo contrário, daí que esse facto seja, quanto a mim, irrelevante na ponderação da nota final, tendo em conta que todos os bons aspectos superam de forma graciosa e esplêndida esse ponto menos forte. De notar, já que o assunto surgiu, que não somos presenteados com uma única gota de sangue durante a total extensão da fita (corrijam-me caso esteja errado, mas honestamente não me recordo de o visualizar).
Em termos positivos, seria impensável não destacar uma das mais sublimes performances que já apareceram no ecrã de uma sala de cinema. Falo, obviamente, do falecido Heath Ledger. Se é verdade referir que a mediatização em torno da sua morte beneficiou o sucesso do filme, também é extremamente injusto proferir que Ledger merece a nomeação para o Óscar, apenas e só pela mesma razão. Sendo totalmente imparcial, o actor realizou um papel fenomenal dotado de uma personalidade tão forte e tão psicótica que impressiona qualquer espectador. Toda o processo criativo que esteve envolvido na construção do Joker é simplesmente estonteante, sobretudo no que toca a todos os tiques que este possui, dando aquele aspecto verídico e muito real de que todos detém uma larga quantidade de medo. E é precisamente nessa matéria que Joker se revela como a consciência de qualquer sociedade moderna. A verdade é que tudo está planeado ao mais pequeno pormenor, mas basta outro pequeno pormenor de igual tamanho para ruir com as estruturas que a nossa sociedade conseguiu construir. Todos dependemos da força policial e outras entidades que asseguram a nossa segurança, mas também é crucial raciocinar que esses também são seres humanos e que nem sempre se conseguem defender. Todos nós detemos um papel fulcral e só cumprindo-o poderemos proteger aqueles por quem detemos mais carinho e, até, amor. Se a metáfora à fragilidade do mundo em que vivemos está muito bem aplicada e extremamente funcional, é porque existe um grande actor que consegue-nos recordar o nosso instinto mais básico. Refiro-me, é claro, à sobrevivência. Sinceramente, não existem palavras suficientes para descrever tão imaculada interpretação. vejam-na e retirem as vossas próprias conclusões. Certamente, partilharão da minha opinião.
Christian Bale volta a estar em grande como o também frágil herói e grande esperança da sociedade para um mundo melhor. O seu papel como Bruce Wayne está em pé de igualdade com o de Batman, pois quer como o frágil cidadão, quer como o frágil super-herói, a personalidade vigorosa e o sentimentalismo, escondido por detrás de um homem que desespera por uma vida normal, são bem patentes em cada aparição no ecrã. Se no início da saga, provou-se como o melhor Batman de sempre, na sequela, consolida esse mais do que justo estatuto. Aaron Eckhart é o terceiro nome a reter, já que a sua transformação de Harvey Dent em Two-Face é tão imaculada quanto surpreendente. Não pelo facto da transformação, que é conhecida por todas, mas pela forma consistente com que a realiza. É simplesmente reveladora de um enorme talento cinematográfico. Mais uma vez, o amor prova que quebra qualquer barreira, tanto para o bem, como para o mal. Depois há um excelente Gary Oldman que é a personificação da mais simples força policial em Gotham City. Tal como em "Batman Begins", cumpre perfeitamente a tarefa que lhe é encarregue, revelando-se um antro de surpresas, tanto emocionais, como narrativas. Morgan Freeman é também ele detentor de um papel um pouco mais longo, e como sempre o fez, não desilude, mantendo uma postura exemplar nesta espécie de "Q". O eterno Michael Caine volta a brilhar enquanto Alfred Pennyworth, dotando a seriedade de um mordomo à amizade de um amigo e até, de um pai, sempre oferecendo a voz da razão quando forças mais altas se elevam em uma mente dorida, como a do "Master Wayne". Maggie Gyllenhall é a Rachel Dawes que Katie Holmes nunca conseguiu ser, onde a mestria desta é infinitamente superior à da prévia. É bastante mais humana e crítica, sobretudo através dos seus fulminantes olhos carregados com um semblante pesado e agudo. As restantes interpretações são suficientes para manter mais uma componente imaculada neste seio de genialidade.
Depois há um senhor chamado Christopher Nolan que resolveu, a par do seu irmão, escrever um dos mais brilhantes argumentos que já visualizei em película. Ainda bem que o de Michael Bay foi rejeitado... ainda bem. Todo ele é surpreendente como extremamente moralista, colocando situações incrivelmente complexas e dotando-as de soluções totalmente imprevisíveis. Os diálogos são fluídos e recheados de citações memoráveis, proporcionando grandes momentos de inspiração pública. Outro dos pontos fortes do argumento é o facto de que ele abrange várias personagens mas estas nunca se "atrapalham" e não existe uma busca de maior protagonismo em qualquer uma delas. A isso chama-se uma relação estrita e intrínseca entre os actores e uma excelente direcção dos mesmos por parte do realizador. A realização deste mesmo senhor é igualmente representativa de extrema qualidade, unindo o negro do
noir ao brilhantismo dos filmes de acção sem nunca cair no erro de levar as sequências ao exagero, onde, de resto, a quase total ausência de CGI's foi fulcral e determinante, e por esse facto, ficarei eternamente agradecido a Nolan. A fotografia, sonoplastia, caracterização e guarda-roupa estão ao nível de todos os outros parâmetros já mencionados. De reflectir acerca da rodagem em Chicago que é deveras estonteante, dando uma unicidade incrível, como nunca vista anteriormente.
Sinceramente, falham-me as palavras para descrever o melhor
blockbuster de sempre, o melhor filme de acção de sempre e um dos melhores filmes de sempre. Não tenho qualquer dúvida que irá acabar no top 10 do IMDb, e ainda bem que isso irá suceder, pois é precisamente esse o local onde merece estar e é esse o local onde está no meu. Sim, é verdade, é uma crítica escrita a "quente", mas não existe volta a dar. The Dark Knight" é simplesmente obrigatório. Eu irei vê-lo uma segunda vez ao cinema e, quem sabe, uma terceira. Não se estão a rir?? "Why so serious??'
(vou mesmo revê-lo em cinema).
As Frases:"Come on, I want you do it, I want you to do it. Come on, hit me. *Hit me!* ""The only justice in an unfair world is chance.""The only sensible way to live in this world is without rules!""See, I'm a man of simple tastes. I like gunpowder...and dynamite...and gasoline! Do you know what all of these things have in common? They're cheap!""Let's put a *smile* on that face!"(entre muitas, muitas outras)
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