REQUIEM FOR A DREAM (2000)
Nota Ante-Cinema: 10/10
Aquela que é, sem dúvida alguma, a melhor longa metragem de Darren Aronofsky até ao momento, é também aqui que podemos encontrar o lado mais genial e experimental do realizador. E a prova disso recai nos dois momentos do filme que o Ante-Cinema apresenta esta semana no Grandes Momentos Cinematográficos dedicado ao cinema de Aronofsky.
Antes de irmos aos dois momentos propriamente ditos, é necessário realçar que este Requiem for a Dream é genuinamente perfeito em todos os sentidos. A começar pela magnífica e inovadora realização que Aronofsky implementou no filme. E é nesse mesmo aspecto que este Grandes Momentos Cinematográficos desta semana se insere. Se a sua estética em Pi, filme aqui apresentado na semana passada, era já ela bastante inovadora e experimental, em Requiem for a Dream as coisas já funcionaram de maneira diferente. É, em todo o filme, uma realização muito sólida e fruto dum trabalho árduo juntamente com o seu director de fotografia e restante equipa de produção. Vejamos, por exemplo, a primeira cena que apresentamos em baixo (Momento 1). Aronofsky já tinha implementando esta técnica da câmera fixa, que vai acompanhado de uma maneira muito segura a personagem, em Pi, mas, desta vez, o resultado foi muito mais promissor e o resultado outro. Reparem na maneira como consegue transmitir a sensação de desprezo da personagem, uma vez que prossegue o seu estado emocional depois de uma situação muito pesada para a sua pessoa e relacionamento com o namorado, através da sua focagem num espaço algo fechado. Faz ainda com que este método de filmagem seja bastante apelativo de ver, permitindo-nos assim em observar uma técnica completamente inovadora. Já no segundo momento que apresentamos (Momento 2), onde vemos as duas personagens divididas, mas que, no entanto, encontram-se associadas à mesma cena e espaço, torna-se noutra das cenas extremamente inovadoras e funcionais. Assim sendo, o efeito de pormenor que ela nos transmite é muito mais perspicaz e faz-nos ficar completamente agarrados ao que se passa realmente entre as duas personagens.O Ante-Cinema preparou estes dois momentos mas muitos outros poderiam ter sido destacados. Se estas duas cenas em particular revelam o carácter inovador e visionário de Darren Aronofsky, outras cenas poderiam revelar, por exemplo, a magnífica interpretação de Ellen Burstyn, a personagem pelo qual o filme mais pega para criticar uma sociedade que vive sedenta e obcecada por aparecer na televisão e assim adquirir os tais "5 minutos de fama". A certa altura do filme, a personagem de Ellen Burstyn, Sara Goldfarb, diz: "I'm somebody now, Harry. Everybody likes me. Soon, millions of people will see me and they'll all like me.". Um diálogo que foi ainda mais desenvolvido, mas que nos mostra perfeitamente o lado solitário e obsessivo que a sua personagem demonstra perante um recente objectivo para a sua vida: aparecer num dos talk shows mais conceituados da televisão americana com o seu vestido vermelho já velho e que não lhe serve.
Esta espécie de crítica já vai longa, no entanto, torna-se crucial salientar mais uma vez a parceria entre Aronofsky e o compositor Clint Mansell. Esta é, a par com The Fountain (filme a ser apresentado na próxima semana), das melhores e mais intensas bandas sonoras dos últimos anos (podem ouvir parte da banda sonora no "Momento 1"). Fiquem agora com duas cenas deste magnífico filme, ficando aqui a promessa, principalmente para quem ainda não o viu, que vão gostar imenso de dar uma espreitadela. Acreditem que não estraga em nada o visionamento desta obra.
Esta espécie de crítica já vai longa, no entanto, torna-se crucial salientar mais uma vez a parceria entre Aronofsky e o compositor Clint Mansell. Esta é, a par com The Fountain (filme a ser apresentado na próxima semana), das melhores e mais intensas bandas sonoras dos últimos anos (podem ouvir parte da banda sonora no "Momento 1"). Fiquem agora com duas cenas deste magnífico filme, ficando aqui a promessa, principalmente para quem ainda não o viu, que vão gostar imenso de dar uma espreitadela. Acreditem que não estraga em nada o visionamento desta obra.
MOMENTO 1:
MOMENTO 2:
"Sendo essencialmente abordado como "um filme sobre a dependência das drogas", prefiro pensar em Requiem for a Dream como um filme com um propósito muito mais profundo: mostrar a desgraça de um sonho desfeito, de um sonho desfeito por si mesmo. "O sonho comanda a vida". Será? Ou será esse o verdadeiro caminho da perdição?"
15 comentários:
Este é uma daqueles filmes que está na minha lista dos "must see movies", mas que tenho adiado, e adiado... Tenho de resolver esta lacuna rápidamente =P
Cumprimentos...
Grande filme, grande realizador, grandes interpretações, grande argumento, grande banda sonora, grande... tudo! Filme de culto!
CinemaBox,
É de facto uma grande falha. Mas que não as tem? :) Ainda bem que te lembrei agora que tens de ver este grande filme de Darron Aronofsky. Aproveita o ambiente de The Wrestler para pores mãos à obra, neste caso, olhos na televisão, computador ou qualquer visor que dê para ver o filme. :)
Grande abraço.
Filipe Machado,
Disseste tudo em quatro linhas. E eu para aqui a escrever, a escrever e a escrever... :)
Grande abraço.
Fernando,
não podia concordar mais.
Requiem for a Dream é uma obra de arte. Desconfio até que o Aronofsky nunca vai conseguir fazer um filme tão bom ou melhor, porque é perfeito. A banda sonora de Mansell é espectacular e Aronofsky é exímio em misturar as cenas com a música.
Como disse o Filipe, é um filme de culto.
Acrescento...é um crime não ver esta obra-prima :)
Abraços
Álvaro,
O filme é mesmo perfeito. E concordo contigo, vai ser ligeiramente difícil Aronofsky fazer um filme tão perfeito como este. Mas eu acredito fielmente no seu trabalho, e apesar de The Wrestler, por exemplo, não ser perfeito, é mais um grande filme para a sua carreira. Só que agora meter-se no Robocop, foi algo que me deu alguma frieza na espinha. Mas até pode ser que saia algo de diferente e inovador. :)
Grande abraço.
Concordo, também não me agradou a conversa do Robocop, mas...
O The Wrestler é bom, mas este Requiem é doutro mundo. O Requiem está para o Aronofsky como o Fight Club para o Fincher.
Abraço
Novo blogue de cinema e televisão. Split Screen pretende ser um blogue despretensioso, sem grandes ambições de futuro, onde reina o gosto pelo cinema e televisão. Sem grandes obrigações, sem grandes definições, apenas um espaço onde vários colaboradores exprimem a sua opinião sobre as actualidades (e não só) referentes a cinema (críticas, crónicas, filmes, DVDs, notícias, posters, trailers, prémios...) e televisão (crónicas, notícias, séries, apresentações...).
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Se tenho alguém que não gosto nada é o Darren .
http://cineclubsp.blogspot.com/
Foi este o primeiro filme que vi de Aronofsky e me fez apaixonar pela sua obra.
Um dos filmes mais violentos que já vi, goste-se ou não é impossível ficar indiferente após a sua visualização.
E agora venha o texto sobre "The Fountain" :D
Abraço
Já me deu vontade de evr o filme, tenho k arranjar de qualquer forma.
o alvaro falou muito bem a encontrar o paralelismo entre o aronofsky e o fincher e suas obras. realmente...verifica-se.
requiem of a dream é um valente soco no estomago. nao é um filme sobre drogas é um filme sobre o Homem e a decadência deste.
espectacular, filmado de uma forma muito particular e inovadora, a banda sonora...nem se fala..as interpretações espantosas (nuncamais esqueci a espectacular Ellen Burstyn e a sua metamorfose enquanto sarah)..
um grande filme. quem nao viu...que vá a correr arranja-lo e veja :)
beijinho fernando;);)
Álvaro Martins,
Não podias ter feito melhor comparação. Tiraste-me as palavras da boca. :)
Abraço.
Tiago Ramos,
Já lá fui dar uma espreitadela e dizer de minha justiça. :) Continua com excelente trabalho e boa sorte para o blogue.
Abraço.
Cleber,
É pena que não gostes dele. Porque actualmente, considero-o um dos realizadores mais inovadores e visionários que existe. Que filmes dele é que já viste?
Abraço.
Hugo Gomes,
Espero mesmo que o vejas. E depois quero ler a tua opinião sobre o filme. :) Tenho a certeza que vais gostar.
Abraço.
Close-Up,
Aliás, o teu pequeno comentário diz mesmo tudo sobre a genialidade do filme. :) E concordo plenamente contigo, a interpretação de Ellen Burstyn é mesmo genial. Merecia ter ganho o Oscar pela qual estava nomeada.
Beijinho.
De facto é um excelente filme. O 2º melhor de Aronofsky, porque a sua obra-prima é The Fountain. Espero muito deste The Wrestler e estou bastante curioso acerca do projecto Robocop e da história baseada em Noé!
O filme espectacular e dos melhores que eu já vi em toda a minha vida. A minha opinião não diverge da tua, aliás, se chegares a ler a minha opinião sobre o "Requiem", comprovarás mesmo isso. O "The Fountain" está igualmente soberbo, por outras razões. Quanto ao "The Wrestler", mantenho-me duvidoso.
Excelente crítica e escolha dos momentos do filme.
Já agora, alguém reconheceu semelhanças ao estilo kubrickiano neste filme?
Abraço
Ricardo Vieira,
Para mim, e como percebeste aqui, o seu melhor filme é este Requiem for a Dream. Mas The Fountain vem logo a seguir. :) Também estou curioso quanto ao Robocop mas, no entanto, algo reticente.
Abraço.
Flávio Gonçalves,
Confesso que não li a tua crítica mas já que falaste tenciono ir dar uma espreitadela. Esta minha opinião sobre o filme foi claramente mais no ponto de vista técnico do filme, ou seja, a forma como Aronofsky o criou. Embora refira outros pontos com as interpretações, este filme é para mim todo ele genial. E quanto ao Kubrick, olha que tocas num excelente ponto. Nunca tinha pensado nisso e olhando bem, és capaz de ter uma certa razão.
Grande abraço.
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