domingo, 14 de dezembro de 2008

Crítica: AUSTRÁLIA

por Fernando Ribeiro

NOTA: 7/10

Como sabem, as minhas expectativas quanto a este Austrália eram muito elevadas. Felizmente tive a grande oportunidade de estar presente na sessão de imprensa, que ocorreu na passada quinta-feira de manhã, e pude, então, acabar com a ansiedade que tinha para ver este filme.

Estando ausente desde 2001, altura em que estreou o terceiro e último filme da sua trilogia chamada “Cortina Vermelha” (Strictly Ballroom, Romeo + Juliet e Moulin Rouge!), Baz Luhrmann regressa agora com um trabalho muito mais pessoal, abordando num ponto referencial as consequências da Segunda Guerra Mundial no seu país natal: Austrália. E essa é uma das características que fazem de Luhrmann um excelente contador de histórias. O facto de pegar num momento da história do seu país e do mundo, e fazer dela uma história de esperança e amor, torna este Austrália numa excelente fábula e num reencontro mais do que esperado entre ele e o cinema. Após este seu longo tempo de ausência, é natural que as atenções estejam intrinsecamente viradas para este seu trabalho. As exigências tornam-se também outras, e daí que talvez tivesse existido tanta discordância entre críticos e o próprio conceito do filme. O realizador australiano é também detentor de duas obras cinematográficas que marcaram para sempre o cinema, casos de Romeo + Juliet e Moulin Rouge!, nos quais, quer se queira quer não, faz com que as expectativas sejam sempre elevadíssimas. E nesse ponto, dou a minha bênção a Austrália, por comprovar que filmes destes ainda são possíveis. Um épico, que poderia muito bem ser associado a filmes anteriores como Gone with the Wind (já muitas vezes comparados) ou até Cold Mountain, é aqui bem distanciado dessas obras do género e que fazem dele uma força bem mais especial. No entanto, Austrália é também detentor de contrariedades, que fazem dele uma peça menor aos anteriores filmes de Luhrmann, e um filme que poderia ter ganho muito mais se não fossem essas nuances.

Visualmente, Baz Luhrmann é totalmente exímio. Mas neste filme acontece uma coisa que em muito distancia este seu trabalho dos anteriores: os efeitos especiais. Se por um lado consegue captar variadíssimos cenários reais de forma exemplar, por outro peca na excessiva abordagem aos efeitos por computador. E isso nota-se numa cena em específico (que vocês irão perceber qual é), onde o nível a que estes foram usados e para aquilo que eram necessários, fez com que se perdesse muito da sua essência natural. Acaba por ser um contraponto tentar misturar realidade vs. efeitos por computador. Moulin Rouge! vivia também muito dessa mistura, contudo, a sua abordagem era muito mais cuidada e não tão superficial. O filme apresenta, ainda, alguns clichés que poderiam ser absolutamente dispensáveis e, com menos 15 ou 20 minutos, o resultado final seria certamente mais satisfatório. Mesmo assim, e apesar destas nuances, Austrália continua a ser visualmente fascinante, destacando-se a fotografia a cargo da também australiana, Mandy Walker. O jogo de cores e a aliança ao também notório guarda roupa fazem da fotografia o ponto mais alto e valorizado do filme.

No que toca às interpretações, existem dois pontos fulcrais a registar. O primeiro, no que diz respeito a Nicole Kidman, já que Luhrmann parece ter um poder especial para filmar a actriz. Aconteceu o mesmo em Moulin Rouge! e volta a acontecer também neste filme. Sem dúvida que a relação entre ambos é, em todo, especial, valendo a Kidman uma das suas melhores interpretações dos últimos anos. Consegue aliar de forma sublime a sua beleza com a própria encarnação que a personagem necessitava. O segundo e, de certa forma, mais surpreendente ponto, trata-se da excelente interpretação do pequeno actor Brandon Walters. Tendo apenas 12 anos de idade, e sendo este o seu primeiro papel em cinema, faz com que este jovem seja um dos grandes atributos deste Austrália. Aliás, não é à toa que tenha recebido uma nomeação para Melhor Jovem Actor na décima quarta edição do Critics’ Choice Awards, na qual os vencedores serão anunciados no próximo dia 8 de Janeiro de 2009. É, então, de louvar o grande talento deste jovem actor, com um excelente futuro pela frente. Pelo menos, assim o esperamos. De louvar também o competente desempenho de Hugh Jackman, com claros traços “Eastwoodianos” no seu papel.

Basicamente, Austrália foi feito com uma enorme paixão apesar de falhar em alguns pontos que o tornariam num filme único. Foi pena porque tinha tudo para se tornar numa das histórias mais fascinantes do cinema mas, como já disse, de todos os trabalhos de Luhrmann, este revela-se claramente inferior. Quanto aos Oscars, acredito fielmente em nomeações para as categorias técnicas, mas nada mais.

Ante-Cinema#

15 comentários:

Daniel S. Silva disse...

Mais um belíssimo pedaço de escrita grande Fernando! :) Parabéns!

Sinceramente, o meu interesse neste filme não para de diminuir... Acho que isso deve-se à grande variedade de propostas cinematográficas que temos para este final de ano... De qualquer forma se tiver a possibilidade irei ver este ao cinema! :)

Grande abraço!

Anita disse...

mais uma vez, tive que me beliscar para não ler a crítica...só espreitei mesmo a nota e, 7 não me parece nada mau embora se esperasse uma nota máxima para este filme!!!É mesmo uma das fitas em que mais deposito esperanças para este final de ano...espero não me desiludir...

Beijinho

The movie_man disse...

Excelente critíca. E é bom saber que realmente não é tão desapontante como alguns dizem, apesar dos seus pontos fracos. Pelo que me parece, é um filme algo falhado de Lurhman, o que não é mau. Filmes falhados de grandes realizadores são, ao fim e ao cabo, bons filmes.

Abraços.

Unknown disse...

Tu já sabes a minha opinião :p

Percebo perfeitamente o que queres dizer quando referes os pontos negativos. Só não acho que menos 20 minutos se justificassem pois creio que ja nao seria um épico. Ficaria com cerca de 150 minutos ou assim. Se assim fosse, Teríamos Bad Boys 2 como um épico. lol

Abraço

Fernando Ribeiro disse...

Dan,

Obrigado pelo incentivo. E ainda bem que tas bastante interessado para ver este Austrália. Aliás, é na Europa, que o filme certamente vingará mais o seu valor. Não é um grande filme como já nos habituou Luhrmann mas, ainda assim, consegue estar perfeitamente ao nível de muitos outros bons filmes.

Abraço.


Anita,

A nota 7 não é realmente muito alta. Mas é, na minha opinião, a mais justa possível tendo em conta o filme que é. De certa maneira, pelo que se tinha vindo a falar deste filme, já esperaria que não ia gostar tanto deste como dos anteriores trabalhos de Luhrmann. Ainda assim, não desiludiu. Muito pelo contrário. Quando vires o filme, não hesites então a dar uma espreitadela a esta crítica. :)

Beijinho


The_movie_man,

Não diria que é um filme falhado de Luhrmann. Digamos que é uma diferente abordagem cinematográfica que o realizador faz, e que não a soube aproveitar tão eficazmente com os recursos que deteve. Ainda assim, como já disse, não desilude nada.

Abraço.


Fifeco,

Como já te tinha dito, discordo do que tu dizes. Um épico, na minha óptica, não tem que ter necessariamente três horas de duração. Sim, quase todos os épicos assim são, contudo, se este tivesse menos 15 min, não deixava de ser um épico só porque passava a ter 2 horas e 40 minutos de filme, mais coisa menos coisa. Mas também é perfeitamente compreensível esta duração. E sim, se talvez fosse mais curto, o resultado até nem poderia ser este, mas algo bem pior. Nunca saberemos.

Abraço.

Anónimo disse...

Quero mesmo ver.
O Trailer está bem conseguido.

Anónimo disse...

graças a ti vou ver o filme um bocadinho mais cedo que as outras pessoas ehe mas nao tao cedo como tu lol!

bem sabes a minha imensa vontade de ver o australia. os epicos sempre me fascinaram... e uma bela e bem contada historia de amor cai sempre bem, espero que seja o caso ;)

vi muita gente dizer que a kidman nunca mais tinha sido a mesma desde moulin rouge (coisa que até acho descabida depois do papelão que fez em the hours ou birth...mas enfim)...mas eu cá continuo na minha. ela É uma grande actriz, ponto. os filmes que escolhe é que nem sempre fazem jus ao seu talento...e isso é discutivel claro.

a fotografia pelos vistos deve ser mesmo arrebatadora...mal posso esperar pra ver :P;)

um beijinho! ;)

Fernando Ribeiro disse...

Pedro Almeida,

Aconselho-te o visionamento. :) Já está quase a estrear.

Abraço.


Close-up,

Vais à antestreia mas não te livras depois de colocar aqui o teu comentário ;) eheh
Espero que gostes do filme. Não é, como disse, o melhor filme de Baz Luhrmann, mas podes contar na mesma com as suas qualidades. E sim, a fotografia continua boa como sempre, e Nicole Kidman também se apresenta muito bem neste seu papel. Eu também gosto muito dela. Não só pela sua beleza, mas também pelo seu grande talento. :)

Beijinho

Anónimo disse...

Está quase a estrear!
Estou à espera de algo muito parecido com o Pearl Harbor, vamos lá ver :)

Um beijo Fernando e Boas festas *

Fernando Ribeiro disse...

Dina C.

Obrigado pela tua visita e comentário.

São filmes bastante diferentes. Mesmo assim, nada melhor do que veres com os teus próprio olhos já no dia 25. :)

Beijinho e boas festas para ti também!

Anónimo disse...

Vi ontem o filme.Ao contrário do autor, não tinha grandes expectativas, mas devo confessar que saí da sala completamente rendido. Para mim, é sem dúvida um clássico do futuro. O que o autor deste blogue define como "clichés" eu classificaria de pormenores "kitsch" que só contribuem para o fascínio de uma história muito bem contada. É uma história à antiga, diria. Ao nível da fotografia é absolutamente fabuloso. Quanto aos efeitos especiais, gostei bastante. Até da cena do bombardeamento.

Pedro

Anónimo disse...

Com o devido respeito, esse filme é uma bomba. É lamentável que um filme assim possa receber tanta atenção.
Como se não bastassem os erros grosseiros de direção que se observa durante todo o filme. Ainda observamos Nicole em um de seus 5 piores papéis da sua vida. O personagem do garotinho, é absolutamente piegas, não é comovente não. É muito mal elaborado, faz caras e bocas que me deixaram constrangido na sessão de cinema.

O roteiro é sem estrutura, o filme vai do nada a lugar algum o tempo todo. As cenas dramáticas são patéticas e nas cenas de ação, as falhas de edição roubam a cena.
Como quando os meninos visívelmente aguardam para sair da mata fechada na ilha, dá pra perceber que estão esperando o diretor autorizar a entrada..... é terrível.

Gostaria de nunca ter visto esse filme, e o diretor tem a coragem de dizer que quem não gostou é pq não entendeu o filme??? entender o q???? chegou a comparar com E o vento levou???? ele tá de sacanagem......

o filme é muito ruim. Se arrasta por duas horas e meia e me deixou irritado, a trilha sonora ajuda.. a irritar mais ainda.....

é isso que penso desse filme.

Anónimo disse...

ah só pra me idenficiar... o da crítica severa acima.

Murilo antunes
mublu@hotmail.com - msn....

Anónimo disse...

criticos ue estou lendo aqui são bem piores que o filme. Acho ate que nao conhecem a historia da guerra. De qualquer forma é o preço da liberdade. Fala-se o que quer e de forma util pois possibilita a comparação entre a as mentes e a cultura das pessoas. Australia, nos dias de hoje é um grande filme. Questao de gosto.

Anónimo disse...

Boa noite!
Gostaria de dizer que assisti o file e gostei muito. Retrata de forma envolvente a discriminção racial (chorei muito, como a humanidade é pequena),a afetividade de uma criança( mesmo aborígene é sensível, até mais que um branco), o conto de fada ( alice no país das maravilhas), o amor eterno, o catequismo obrigatorio sobre os ditos " selvagens" e a guerra ( fato histórico)